quarta-feira, 23 de julho de 2008

Porque viajar é preciso...



Quando viajamos abandonamos provisoriamente a segurança de nossas casas e a identidade garantida por nossas propriedades, nosso trabalho e nossa rede de amizades. As viagens ajudam a relativizar as verdades e fazem circular as idéias.
Viajante e filósofo se assemelham na atitude: ambos se desembaraçam da rotina diária de trabalho e diversão e se deixam levar pela atmosfera de admiração pelo mundo. A diferença sutil, mas clara, é que o viajante tende a se surpreender com os aspectos mais inusitados dos lugares que percorre, ao passo que o filósofo se espanta principalmente com os acontecimentos tidos por banais e evidentes à sua volta.
Aquele que viaja por conta própria, ou é exilado à força, é retirado o seu lugar habitual. O hábito é como uma capa ao véu que cobre as questões, as relações e as coisas. O hábito é como um cobertor de algodão – cobre todos os cantos e abafa os sons, é anestésico, esconde informações. O hábito faz tudo ficar bonito e tranqüilo. Na viagem ou no exílio, em que o cobertor do hábito foi retirado, passamos a perceber de forma mais apurada as coisas e tornamo-nos revolucionários, mesmo que apenas para inventar um novo lugar para morar. Filosofar é migrar voluntariamente, exilar-se da própria casa, da cidade, de si mesmo, retirando a cobertura do habitual que repousa sobre o mundo.

Feitosa, Charles. Explicando a filosofia com arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

Um comentário:

José Jhimmy Feiches disse...

Oi Profª,ja tinha visto seu Blog,e continua mto Show.Vlw o comment.

E em relação oq eu axei da aula de segunda...hum...Foi mto legal,pq nos pudemos ter uma melhor visão das férias,*ócio...é isso?[k³].

Bj profª