domingo, 15 de junho de 2008

Pensar é viajar



Fazer filosofia é como viajar sem sair do lugar, um movimento subterrâneo e imperceptível do corpo. Não se trata de uma “viagem interior”, mas de uma nomadização das relações com o mundo, no sentido de viver como um nômade, sem território fixo.
(...) Nietzsche recomenda enfaticamente que o aprendiz de filosofia se eduque “através de viagens, na juventude”. Mas tudo depende do modo como se viaja. No parágrafo 288 de Humano, Demasiadamente Humano (1886), ele diz que há cinco tipos de viajantes: (1) os que querem mais ser vistos do que ver nas viagens; (2) os que realmente vêem algo no mundo; (3) os que vivenciam alguma coisa em função do que é visto; (4) os que incorporam e carregam consigo as vivências da viagem; e (5) finalmente os de maior força, aqueles que colocam as experiências incorporadas de novo para fora, através de ações e de obras, tão logo retornam à casa. O segredo da filosofia e de toda viagem está, portanto, na capacidade de deixar se atravessar por aquilo que atravessamos pelo caminho.
E você, que tipo de viajante é?
(Feitosa, Charles. Explicando a filosofia com arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.)

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Afinal, o que é o amor?


O amor é uma energia que cresce dentro de nós e nos convida a estar com o outro.
Quando estamos em estado de amor, torna-se inevitável agirmos de forma amorosa.
(...)amar é uma viagem a ser feita com alguém, na qual, ao mesmo tempo em que desfrutamos dessa entrega, desvendamos os mistérios que ela nos apresenta a cada momento.
Não podemos exigir a perfeição do ser amado, pois, como diz Aristóteles:
"O amor é o sentimento dos seres imperfeitos, posto que a função do amor é levar o ser humano à perfeição".

O amor


Que não seja imortal,
posto que é chama,
Mas que seja infinito enquanto dure,
(Vinícios de Morais)

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
(Luiz Vaz de Camões)

Por ser exato


O amor não cabe em si
Por ser encantado
O amor revela-se
Por ser amor
Invade
E fim!!...
(Djavan)

segunda-feira, 9 de junho de 2008

AMOR E SEXO


Amor é um livro - Sexo é esporte
Sexo é escolha - Amor é sorte
Amor é pensamento, teorema
Amor é novela - Sexo é cinema
Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa - Sexo é poesia
O amor nos torna patéticos
Sexo é uma selva de epiléticos
Amor é cristão - Sexo é pagão
Amor é latifúndio - Sexo é invasão
Amor é divino - Sexo é animal
Amor é bossa nova - Sexo é carnaval
Amor é para sempre - Sexo também
Sexo é do bom - Amor é do bem
Amor sem sexo é amizade
Sexo sem amor é vontade
Amor é um - Sexo é dois Sexo antes - Amor depois
Sexo vem dos outros e vai embora
Amor vem de nós e demora
(Rita Lee / Roberto de Carvalho / Arnaldo Jabor)

domingo, 8 de junho de 2008

Amor

Esta semana as postagens versarão sobre este sublime sentimento: o amor
"O amor é uma experiência revolucionária que liberta subitamente os amantes."
(Simone de Beauvoir)

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Eu, Etiqueta - o poder da propaganda



Em minha calça está grudado um nome
que não é meu de batismo ou de cartório,
um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
que nunca experimentei
mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo, minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso, meu aquilo,
desde a cabeça até o bico dos sapatos,
são mensagens,letras falantes,
gritos visuais, ordem de uso, abuso, reincidência,
costume, hábito, premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos os logotipos de mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim mesmo,
ser pensante, sentinte e solitário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana invencível condição.
Agora sou anúncio, ora vulgar, ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua (qualquer, principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória
de minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
para anunciar, para vender
em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália de uma essência
tão viva, independente,
que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado foram
eu gosto e capacidade de escolher,
minhas idiossincrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam,
e cada gesto, cada olhar,cada vinco de roupa
resumia uma estética?
Hoje sou costurado, sou tecido,
sou gravado de forma universal,
saio de estamparia, não de casa,
da vitrine me tiram, me recolocam,
objeto pulsante mas objeto
que se oferece como signo dos outros
objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
de ser não eu, mas artigo industrial,
peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem,
meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.
(Carlos Drummond de Andrade)

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Ame e dê Vexame



Como tirar o amor do corredor da morte? Roberto Freire ensina a não temer o ridículo quando se trata de assumir as surpresas do coração. Ame e dê vexame aborda as dificuldades de uma vida amorosa prazerosa numa sociedade voltada para o que está em oposição aos sentimentos.
O livro, a partir de reflexões e experiências pessoais de Roberto Freire, funciona como um roteiro leve e bem humorado em favor da gratificação permanente, apesar das advertências de uma sociedade baseada na exploração e no consumo. Na série de textos sobre assunto tão candente, o autor explica as vantagens de mergulhar profundamente naquilo que pode causar escândalo em determinado momento, o amor; mas que revela-se, com o tempo, como a única grande motivação de se continuar vivo. Vale a pena ler